Imagem não-humana

O conceito de imagem não-humana refere-se às imagens capturadas por máquinas como drones, scanners médicos, imagem de satélite e Closed Circuit Television (CCTV) − circuito fechado de câmeras de segurança que transmitem imagens a outros pontos de visualização −, por um elemento maquínico e sem a ação direta do homem (ZYLINSKA, 2017).

Joana Zylinska aponta como a fotografia atual está dissociada do agenciamento e da visão humana e atrelada a operações técnicas e algorítmicas que moldam as práticas de produção de imagem, assim como as práticas de visualização. São imagens nativas do agenciamento da vida por meio de smartphones, redes sociais, aplicativos e sites de serviços como Google Street View, Google Satélites e mecanismos de controle e segurança que fazem uso de reconhecimento facial.

A fotografia não-humana se recusa a separar as ações humanas e as ações da máquina, propondo uma visão na qual os elementos de visão e ações maquínicas operam conjuntamente. Seja como forma de controle e vigilância ou como práticas do estilo de vida do homem contemporâneo. São imagens que vão além do que se vê e podem ser pervasivas e ubíquas. Para Zylinska essa imagem passa a ser um processo de mediação e não mais um objeto. Esses aspectos não-humanos levantam algumas questões sobre indexação, representação e memória. São diferentes modos de ver que dependem da lógica algorítmica, possibilitam interpretações visuais que não dependem da intervenção ou da ação humana e carregam questões éticas e políticas (Ibid, p. 5).

Para além do caráter pervasivo e do uso político que as imagens não-humanas estão atreladas, a autora traz um contraponto importante à esta imagem: a possibilidade de captação de imagens em locais inóspitos e inacessíveis ao homem, como o Ártico, os picos nevados do Alaska. Esta é uma das vantagens do uso da “visão não-humana”, de nos oferecer a noção do que está acontecendo no mundo. (Ibid, p. 9). Uma espécie de prótese ocular que nos faz acompanhar o presente e o futuro do antropoceno e dá margem a novas estéticas da cultura visual contemporânea.

Para complementar a noção deste conceito leia os verbetes Imagem deepfake e Imagem interpretada.