Glossário Imageria

O Glossário surgiu com o objetivo de contribuir com algumas genealogias das imagens contemporâneas que circulam nas redes e impactam o estudo no campo da cultura visual. Cumprindo um dos objetivos da tese, ressalta a importância de uma visão multidisciplinar nos estudos dedicados ao campo do design hoje, introduzindo termos que serão usados ao longo do trabalho. A fim de ampliar a divulgação deste conteúdo para o grande público, a consulta aos 50 termos será aberta ao usuário do site.

Em 2020, durante o primeiro ano da pandemia do vírus covid-19, a migração das atividades domésticas, profissionais e educacionais para o on-line provocou um boom comunicacional. Ou como aponta Beiguelman (2021) em Coronavida: pandemia, cidade e cultura urbana, uma pandemia das imagens que resultou em uma onda de novas linguagens de imagens virtuais sem precedentes.

A pesquisa até então abordava o status da imagem das redes a partir do experimento gráfico Calendário Dissidente: cultura visual e memória gráfica brasileira, um site no qual estão arquivadas uma grande parte das imagens-mensagens produzidas desde o início do governo Bolsonaro, empossado em 1 de janeiro de 2019. Porém, tornou-se necessário ampliar o estudo sobre as linguagens emergentes que passaram a circular nas redes durante o período de confinamento.

A coleta de um amplo espectro de diferentes naturezas de imagens foi ampliada, no intuito de entender como o fenômeno “lockdown” deu vazão criativa para a elaboração de tantas peças gráficas, vídeos, ilustrações e ações dissidentes relacionadas às fake news e ao negacionismo do presidente brasileiro. Com uma metodologia similar à já adotada para o Calendário Dissidente, na qual a coleção de imagens, edição e arquivismo são etapas fundamentais, nos aprofundamos nas seguintes questões: como a domesticação e a politização de dados afeta a visibilidade das imagens? Quais estratégias estão sendo usadas e representadas por novas linguagens visuais, fílmicas, ilustrativas, fotográficas?

Os estudos dessas imagens e das leituras que balizaram esta investigação, ampliaram a compreensão do tema central da tese, a imagem-mensagem, elucidando como a imagem tem papel preponderante no design das peças gráficas ativistas.

A riqueza do conteúdo coletado e as diversas manifestações e representações da imagem digital contemporânea inspirou a edição do Glossário Imageria em um formato editorial diferenciado, com um design de informação de uma publicação que se assemelha a um dicionário.

A maioria dos termos editados para o Glossário Imageria provêm de conceitos cunhados e disseminador por pesquisadores, filósofos e artistas como Jacques Rancière, Didi-Huberman, Philippe Dubois, Christiane Paul, Eduardo Navas, Giselle Beiguelman, Ivana Bentes, Lucia Santaella, Erick Felinto, Andre Lemos, Anna Ottoni, Alfredo Jaar, entre outros. O trabalho de investigação teórica revisitou os enunciados relacionados aos tipos de imagem em questão e adicionou uma camada interpretativa, relacionada às respectivas operações de linguagens no circuito da imageria digital. Por exemplo, interpretamos os termos “dissidente” (CASTELLS, 1999) e “desobediente” (GROS, 2018) para a denominação das “imagens dissidentes” e “imagens desobedientes”.

O glossário também foi concebido como uma peça gráfica autônoma, cuja consulta aos verbetes pode ser feita como uma leitura independente do conteúdo da tese. Apresenta um recorte de tipologias fundamentais para discutirmos a imagem contemporânea no contexto das redes digitais. O ensaio visual Imageria acompanha o Glossário Imageria.