Imagem instantânea

A imagem instantânea evoca uma imagem “pronta” para ser reproduzida ou para circular nas mídias sociais. A palavra “instantâneo” está na raiz etimológica do nome da marca Instagram e faz alusão direta à câmera Instamatic da Kodak. Lançada em 1963, marcou a passagem da fotografia profissional para a fotografia amadora, democrática. Essa câmera portátil, de baixo custo, instrumentalizou o fotógrafo anônimo – o “qualquer um” – a produzir as imagens do instante.

A partir da evolução tecnológica das câmeras fotográficas, desde as de grande formato, as portáteis profissionais, as Kodak Instamatic (ainda com filme negativo, responsável pela popularização da fotografia), os snapshots digitais (substitutas da Instamatic) e depois, as câmeras dos aparelhos celulares, parece lógico associarmos a imagem produzida, mediada e veiculada pelos aplicativos dos smartphones à uma imagem instantânea. Essas, porém, são fruto de muitas intervenções algorítmicas e escolhas de edição. No entanto, as opções de escolha dos usuários do Instagram, emulam a experiência da câmera Instamatic da Kodak. Os designers do aplicativo não só se apropriaram do naming, como emularam vários filtros disponíveis no aplicativo que imitam os filmes utilizados na época como o Ektachrome e os de película 35mm com ISO variados.

Dentro dessa mesma linhagem de imagens “prontas”, a produção de vídeo dos anos 70 e 80 tem forte relação com a cultura on-line e com o uso das câmeras de dispositivos móveis. A câmera portátil trouxe a democratização da tecnologia e permitiu a produção e distribuição não institucionalizada de trabalhos que lidam com imagem e movimento e mistura de linguagens. Segundo Flanagan (2011), os videoartistas, guiados pela vanguarda do cinema conceitual, usavam como matéria-prima trechos de materiais veiculados na TV para fazer uma crítica ao consumo da mass media. O mesmo acontece com a rede YouTube hoje, com milhões de visualizações de clipes que se utilizam de spoofing (técnica que mascara a origem dos APIs por meio de endereços de remetentes falsificados), trazendo novas formas de mídia.