Imagem desencantada

A imagem desencantada é uma derivação do termo paisagem desencantada, denominado pela fotógrafa e pesquisadora Ana Ottoni para descrever a fotografia da paisagem de um espaço construído. Este tipo de imagem desabitada evidencia o uso de estratégias de sensibilização por meio do apagamento, do vazio, do sentimento de impotência frente ao antropoceno e remete à estética da ruína contemporânea (OTTONI, 2021).

A imagem desencantada dá visibilidade ao sensível e ao político, por meio da fotografia e dentro de um novo regime das artes, (RANCIÈRE, 2009), tangibilizando por meio de uma imagem o que nos resta no presente sobre as ações humanas em relação à natureza – para além das pandemias sanitária, econômica e política. Esta imagem, melancólica na sua essência, é neutra e traduz o mal-estar do colapso ambiental e “não teme seu caráter documental, mas se contrapõe à fotografia dita humanista, que nos arrebata num primeiro olhar (seja pelo seu tema, seja por seu aspecto formal), já é um viés recorrente nas últimas décadas entre artistas e fotógrafos, influenciadas em grande parte pela produção pós-moderna”, completa Ottoni (2021, p. 312).

A paisagem desencantada de Ottoni é constituída pela tríade fotografia, arquitetura e ruína (como imaginário cultural e produção de significado, e não como passado). Esta representa a ação humana no mundo, por meio de uma imagem nostálgica e reflexiva, de uma imagem desencantada.